terça-feira, fevereiro 15, 2005

13 de Fevereiro de 2005

Uma constante desta 67ª edição da Superliga é que, em cada jornada, existem mudanças no topo da classificação. E esta semana não foi excepção. Com empates de Porto e Benfica, e as vitórias de Sporting e Boavista, significa que neste momento existem quatro (!) líderes. Mas vamos por partes.
No sábado, Benfica e Braga defrontaram-se no 1º de Maio, e o nulo acabou por ser o resultado final, mercê da desinspiração dos avançados quer dos encarnados de Lisboa, quer dos arsenalistas, apesar de se falar dum penalty na área do Benfica por marcar... No final, Trapattoni acabou por aceitar o resultado "porque Braga é daqueles campos em que se pode empatar", numa partida em que o Benfica fez "uma grande exibição nos primeiros 25 minutos e criámos uma boa oportunidade. Na segunda parte tivemos 15 a 20 minutos muitos bons e dominámos". Por seu turno, Jesualdo Ferreira sentiu que os seus jogadores ficaram frustrados por não terem conseguido ganhar a partida.
No domingo, o Porto recebeu o Guimarães, já sabendo de antemão que, em caso de vitória, se isolaria no comando da Superliga. Mas, mais uma vez, foram patentes as fragilidades dum dragão que, da equipa que conquistou a Taça dos Campeões Europeus na temporada transacta, apenas teve Baía, Nuno Valente e Costinha, contra um Vitória que, face às ausências de Romeu e Silva, praticamente jogou sempre à defesa, apostando no contra-ataque. No final, o 0-0 foi o resultado que mais se aceitava, face à inoperância atacante dos campeões europeus. Couceiro, no seu primeiro jogo no Dragão, não ficou nada satisfeito com a exibição da equipa, afirmando que a sua equipa, na primeira parte, foi lenta mas mesmo assim conseguiu o controlo, contra um adversário que não veio para ganhar. Manuel Machado acabou por ficar apenas parcialmente satisfeito com o resultado, pois "esta temporada tem sido menos difícil conquistar pontos no Estádio do Dragão (...) daí que não tenha sido um grande feito da nossa parte". Ainda assim, já são cinco jogos em que o Vitória não sabe o que é sofrer um golo...
Com tais resultados, os restantes candidatos aproveitaram para se colarem aos adversários, e o Sporting aproveitou para esmagar o Rio Ave (5-0) e exorcizar os fantasmas da Madeira. Mesmo assim, antes do penalty que originaria o 2-0, os leões tremeram e chegaram mesmo a ameaçar a baliza de Ricardo. Só que depois, veio o furacão leonino e em sete minutos se passou de 1-0 para 4-0, ante um conjunto vilacondense órfão de Ricardo Nascimento e que se desmoronou a seguir ao 2-0. E não saíram vergados a uma goleada maior porque o Sporting, na segunda parte, não forçou muito, talvez já a pensar na partida de quinta feira frente ao Feyenoord. Peseiro chegou atrasado à conferência de imprensa e chegou a irritar-se com a insistente pergunta do diferendo entre Sá Pinto e Liedson antes da marcação do penalty do 2-0, e dos festejos (ou não) dos golos. Mas acabou por afirmar que a sua equipa foi extremamente eficaz, que estão bem e se recomendam. Carlos Brito considerou a vitória do Sporting justa, embora exagerada, pois a sua equipa foi uma sombra do que nos habituou esta temporada. Ainda assim, voltou a reafirmar que a sua luta é, simplesmente, para a manutenção.
Por último, também o Boavista fez o que precisava para ser um dos líderes da Superliga, embora tenha sofrido para lá chegar. É que, com 3-0 no marcador os axadrezados tiraram o pé do acelerador e viram o Marítimo reduzir para 3-2 e ameaçar empatar o jogo... mas não daria para mais. Jaime Pacheco, que não convocou João Pinto, estava extasiado no fim do jogo com um triunfo contra uma equipa do mesmo campeonato. Ao invés, Mariano Barreto afirmou que a sua equipa deu 45 minutos de avanço aos axadrezados, cometeu erros fatais perante a eficácia do adversário.
No resto da jornada, o Belenenses, a abrir as hostilidades, deu chapa-três ao Estoril-Praia, que marcou o regresso de Lourenço aos golos, num jogo em que os de Belém dominaram as operações. Carvalhal ficou satisfeito com a sua equipa, que considera que é uma "verdadeira equipa", enquanto Litos deu a mão à palmatória e arrependeu-se dos erros cometidos. O presidente da SAD da Linha, António Figueiredo, é que não ficou satisfeito e demonstrou-o na conferência de imprensa, ao afirmar que precisa de falar com o treinador ácerca do estilo de jogo da equipa. No domingo, salienta-se o regresso às vitórias da Académica, onze jogos depois do último triunfo. A vítima foi o Nacional, orientado pelo ex-treinador da Briosa João Carlos Pereira, e o resultado foi 1-0. De ressalvar também que este foi o primeiro golo da era Nelo Vingada, no sexto jogo desde que chegou a Coimbra... o treinador alentejano acredita que este foi apenas um passo e que o seu clube está longe dos objectivos pretendidos, enquanto João Carlos Pereira aceitou a derrota, visto a sua sua equipa ter estado longe do do que é capaz. O aflito Moreirense também ganhou por 1-0, frente a um Gil Vicente amorfo e sem a chama que já mostrou neste campeonato, se bem que a equipa de Moreira de Cónegos não tenha jogado muito melhor... mas o golo de Orlando, à entrada para o último quarto de hora do jogo, a 40 metros da baliza, levantou o estádio e deu aos cónegos os três pontos tão necessários para manter viva a luta pela manutenção. Vitor Oliveira acredita que a sua equipa foi a melhor ao longo dos 90 minutos e que a vitória seria importante para elevar os níveis de confiança, enquanto Ulisses Morais considerou que esta foi a pior exibição do Gil Vicente desde que chegou ao comando técnico da equipa.
Na luta pela manutenção, quem acabou por dau um passo atrás foi o Beira-Mar, que empatou 1-1 frente ao Vitória de Setúbal, num jogo em que o Vitória teve mais oportunidades, mas foi muito perdulário, acabou por se encostar à sombra da bananeira e permitir o empate. Mano Nunes, o presidente do clube aveirense, teceu duras críticas à arbitragem, devido ao lance que deu origem ao penalty que Meyong converteria no 1-0 para os sadinos, e afirmou ainda que "nem todos os «apitos dourados» juntos nos farão descer de divisão". O que é certo é que, em casa, é preciso retroceder até à 3ª jornada para encontrar a única vitória em casa dos agora comandados por Luís Campos: frente ao Gil Vicente, que era orientado na altura por... Luís Campos. À margem de toda a polémica com as arbitragens, José Rachão comentou que gostou da sua equipa, mas que falharam na concretização.
Finalmente, o Penafiel bateu uma União de Leiria irreconhecível por 3-0. O domínio penafidelense foi tão claro que aos 11 minutos já ganhava por 2-0... e podiam ter sido mais, muito mais. Luís Castro, sereno, lembrou que ainda faltam muitas finais, e que os espera uma luta terrível para a permanência, ao passo que Vítor Pontes se sentiu envergonhado com a exibição da sua equipa e que esta fez "uma primeira parte irreconhecível".
Os resultados desta jornada significam que Porto, Sporting, Benfica e Boavista partilham todos o primeiro lugar com 38 pontos, a um ponto está o Braga e com 33 o Marítimo. Na luta pela permanência, Moreirense e Penafiel deram um passo rumo à manutenção (embora ainda falte muito campeonato), com os cónegos a deixarem mesmo os lugares de decida, por troca com o Estoril. A Académica aproximou-se da linha de água, mas ainda assim está a 4 pontos da salvação, e ainda mantém a lanterna vermelha.

Na II liga, foi o dia dos empates: o líder Paços de Ferreira arrancou um empate a ferros de Ovar, ante uma Ovarense mergulhada numa crise financeira; o Estrela da Amadora viu-se a perder por 0-2 mas conseguiu marcar os dois golos que lhe permitiram levar um ponto. E os tigres podiam ter sentenciado o encontro com um penalty que foi desperdiçado; o Marco trouxe um ponto da Póvoa do Varzim (1-1), num jogo com uma arbitragem para esquecer de Pedro Proença; apenas de penalty a Naval conseguiu empatar a partida ante o Gondomar (1-1); e o Maia, à entrada para os dez minutos finais, batia o Felgueiras por 1-0, mas uma ponta final de loucos fez com que, no final, o placard apresentasse o resultado de 2-2. No resto dos jogos, o lanterna vermelha Alverca colocou um fim na série de seis jogos sem perder do Portimonense, ao inflingir-lhe uma derota por 2-0, o Chaves bateu o Leixões também por 2-0, o Olhanense foi derrotado pelo Feirense por 1-0 e o Aves aplicou mais uma derrota ao Santa Clara por uns expressivos 4-1.
Com tanto empate na frente, a situação permanece intacta: Paços de Ferreira na frente com 42 pontos, Estrela da Amadora com menos dois, Marco com 37, Naval com 36 e Maia com 33. Nos últimos lugares, o Santa Clara caíu para o antepenúltimo lugar, por troca com o Espinho, enquanto o Alverca se aproximou do Felgueiras, sem, contudo, perder o último lugar da tabela.

Na Zona Norte da 2ª Divisão B, o Vizela soma e segue, e cada vez mais se perfila como o grande candidato a subir à Liga de Honra. Mesmo jogando mal, conseguiram bater o Ribeirão por 1-0 e distanciar-se do Infesta, que empatou em casa com o União de Lamas (0-0). Lamas e Valenciano empataram (2-2 na recepção ao Dragões Sandinenses), o Vilanovense perdeu (0-3 ante o Porto B), mas mesmo assim continuam com esperanças, visto os adversários directos acima da linha de água também não terem vencido. O Salgueiros, por seu turno, apenas matematicamente se pode salvar, porque começa a parecer impossível ao clube de Paranhos conseguir em 14 jogos o que não conseguiu em 24: vitórias...
Na Zona Centro, o Mafra bateu o Penalva por 2-1 e fugiu ao Tourizense, que foi empatar a Oliveira do Hospital (1-1), tendo agora uma vantagem de três pontos para os homens de Touriz, mas mais uma partida realizada. O Caldas empatou em Pampilhosa da Serra (1-1) e começa a hipotecar as suas hipóteses de manutenção, enquanto o Estarreja, ao perder frente ao Oliveira do Bairro (1-2) viu fugir o Oliveira do Hospital. A diferença, mesmo assim, é de dois pontos... A Oliveirense deu um passo importante rumo à manutenção com a vitória frente ao Abrantes (1-0), que lhe permitiu fugir da zona de descida.
Na Zona Sul, Barreirense e Pinhalnovense venceram os respectivos compromissos (3-0 na Amora e 1-0 frente ao Marítimo B, respectivamente) e continuam na liderança da zona. Do pelotão da frente, quem descolou foi a União, ao perder no Porto Santo ante o clube local (1-2). Noutras lutas, o Pontassolense bateu o Vasco da Gama por 1-0, o que lhe permitiu sair dos lugares de despromoção por troca com o Msrítimo B, o Odivelas foi aos Açores buscar três importantes pontos (3-0 ao Lusitânia), enquanto sineenses e amorenses começam a entrar em situação bastante complicada.

Na 3ª Divisão, série A, a Oliveirense mantém-se na liderança, enquanto o Sandinenses foi alcançado pelo Torcatense no segundo posto e o Neves está já a 15 pontos da linha de água; na série B o Famalicão arrebatou a liderança ao Aliados do Lordelo e o Canelas continua apenas com dois pontos amealhados; na série C, Nelas e União de Coimbra mantêm-se firmes nos primeiros postos da classificação; na série D o Marinhense alcançou o Portomosense no topo da tabela, enquanto que no outro extremo o Nazarenos está apenas com cinco pontos, fruto de cinco empates; na série E Benfica B e Real empataram e mantêm-se sozinhos nos lugares de promoção, ao invés o Fazendense mantém-se firme para a despromoção, com uma vitória e um empate; na série F o Imortal fugiu ao Juventude de Évora e está agora isolado no segundo lugar, atrás do Silves; e finalmente, na série Açores, terminou a primeira fase: Madalena, Velense, Santiago, Santo António e Angrense vão disputal a promoção, Praiense, Boavista, Capelense, Leões e Minhocas vão discutir quem desce.